Nessa segunda-feira (4), um entregador foi baleado por um PM, que se recusou a descer para buscar o próprio pedido. Nilton Ramos de Oliveira, de apenas 24 anos foi baleado na coxa. O jovem foi operado e está internado em estado grave no CTI do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
O responsável pelo disparo, o cabo Roy Martins Cavalcanti, se apresentou na 30ª DP (Marechal Hermes), e a Corregedoria da PM abriu um procedimento para apurar o fato. Segundo o militar, ele afirma que atirou em legítima defesa, depois de Nilton tentar pegar sua arma.
O que aconteceu
Roy fez seu pedido no Porto do Sabor da Praça Saiqui, em Vila Valqueire, e Nilton foi entregar o pedido de bicicleta. No portão do endereço, uma rua gradeada, o PM exigiu que o entregador levasse o lanche até a casa. O entregador explicou que não era obrigado a subir, e assim, os dois começaram a discutir por mensagens no aplicativo.
Vendo que o PM não iria encontrá-lo, Nilton acionou o protocolo de devolução da plataforma, e retornou para a loja. No entanto, Roy não se deu por vencido, e seguiu o entregador. Já na Praça Saiqui, os dois começaram uma discussão, e o trabalhador começou a gravar o caso.
“Tá metendo a mão na cintura por quê?”, perguntou Roy. “Tô armado não, filho. Sou trabalhador, filho”, respondeu Nilton. Em seguida, a arma do PM aparece na gravação. “Tô sendo ameaçado aqui, ó!”, narrou o entregador. “Ameaçado é o c*! Seja educado!”, gritou Roy.
Homem atira em entregador do iFood pois o bonito não quis descer na portaria para pegar o lanche. Rio de Janeiro uma vergonha! @PretaGil @valneifils. pic.twitter.com/zBOefQ9FcN
— Dia de Sol (@ClaudiaAlmk) March 5, 2024
Revolta
O companheiro de trabalho de Nilton, Yuri Oliveira, disse ele e outros colegas tentaram apartar a briga. “Mas a confusão se estendeu, o policial sacou a arma em direção a ele [Nilton] e acabou atirando nele”, declarou.
Jeferson Coimbra, o atendente, viu quando o PM atirou. “Ele chegou a prestar um primeiro socorro para ele, entrou no carro e foi embora, falando que era polícia”, disse. “[Nilton é] um moleque trabalhador, honesto, e um cara vai e faz isso. É desumano”, emendou.
Logo após o ocorrido, motoboys se reuniram em frente ao condomínio e fizeram um protesto, buzinando sem parar. Além disso, quebraram o portão da casa do PM.
“Menor roda aqui na área, eu estava lá na hora do k.o dentro do condomínio, a mulher botou ele de bola, ele disse que não ia subir, até porque é uma ladeira enorme. Ela reclamou com o marido, ele como capacho foi atrás, aí deu toda a mer**”, disse um entregador que participou do ato.
🚨BRASIL: Entregador de aplicativo é baleado após se recusar a subir em apartamento para entregar comida de cliente, que é policial.
Motoboys, colegas da vítima, se uniram e quebraram o portão do prédio do morador que atirou no entregador. pic.twitter.com/bN0gwySSuI
— CHOQUEI (@choquei) March 5, 2024
Além disso, outro entregador que participou do ato, revelou que o policial atirou nos motoboys novamente. “Eles falaram pra gente que o cara tinha sido preso. E o cara não foi preso, ele está em casa! […] Ele atirou duas vezes pro alto em cima dos motoboys, e a Polícia disse que não vai prender…”, disse revoltado.
O negócio ficou feio… Os motoboy estão revoltados… pic.twitter.com/vTopBUsMh9
— Dia de Sol (@ClaudiaAlmk) March 5, 2024
Versão do PM
Roy contou que chegou do serviço por volta das 19h40 e encontrou a esposa nervosa, “pois havia sido destratada pelo entregador do iFood, que se negou a entregar o lanche”.
A pedido da mulher, Roy foi até a Praça Saiqui para reaver a entrega. O PM afirmou que “a todo momento era ofendido por Nilton, que incitava outros entregadores”.
“Roy, para resguardar sua segurança, diante da atitude agressiva de Nilton, sacou sua arma e verificou se Nilton estaria com algum armamento”, segundo o registro.
“Nilton incitou os demais entregadores, que começaram a se inflamar contra Roy. O policial, já com a arma em porte velado, conversou com demais entregadores e explicou sobre a atitude desrespeitosa e agressiva do entregador.”
A mulher de Roy ligou para o 190 e pediu reforço. O cabo pediu que Nilton esperasse a chegada dos policiais, “mas o entregador se negou”. “Nilton tentou pegar a arma de Roy, que, para preservar sua vida, efetuou um disparo na perna esquerda de Nilton”, diz o registro.
“Neste momento, Roy fez um torniquete na perna de Nilton e ligou para o 193 solicitando socorro”, finalizou. O cabo foi ouvido pela Polícia Civil, e foi liberado. A arma chegou a ser acautelada, mas acabou sendo devolvida.
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O que você achou da atitude do Policial? Tomara que Nilton se recupere logo.